top of page

IX MORCE-GO VERMELHO | Entrevista com Fabián Forte, um dos diretores de "Retratos do Apocalipse"

  • Foto do escritor: Henrique Debski
    Henrique Debski
  • há 3 dias
  • 8 min de leitura

Em conversa com Fabián Forte, o cineasta reflete sobre o cinema de horror, antologias, seu segmento Ratas, parte do longa episódico Retratos do Apocalipse, e o atual momento de dificuldades pelo qual passa o cinema argentino.


ree

O interessantíssimo longa-metragem argentino Retratos do Apocalipse representa a visão criativa e ambição artística de três diretores – Fabián Forte, Nicanor Loreti e Luca Castello –, em uma antologia de zumbis produzida com baixíssimo orçamento, e muita criatividade. O resultado foram quatro curtas que se passam em diferentes momentos de uma Argentina tomadas por um vírus mortal, e diferentes facetas de um mesmo evento devastador ao país, sendo exibido em diversos festivais desde o final do ano passado.

 

Sendo assim, durante a cobertura do IX Morce-GO Vermelho, no qual o filme integrou a seleção competitiva de longas-metragem, conversei com um dos diretores, Fabián Forte, sobre a produção da obra – da concepção, do formato de antologia, o contato com os outros diretores, o seu curta, e o delicado momento pelo qual passa o cinema argentino.

 

Então, vamos à entrevista – e cabe avisar, HÁ SPOILERS DO FILME!

¡Entrevista en español debajo de la traducida al portugués! (traducciones realizadas con el apoyo de inteligencia artificial).

 

HENRIQUE: Como surgiu a ideia de fazer uma antologia de histórias de terror junto de Nicanor Loreti e Luca Castello? Nesse sentido, quanto do projeto foi idealizado em conjunto, e o quanto coube a cada um de vocês, individualmente, construir?

 

FABIÁN: A ideia surge diante da difícil situação cinematográfica atual em nosso país. Diante do fato de que este governo atacou o cinema nacional e paralisou a indústria ao sucatear o INCAA (Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales) e sua responsabilidade de fomentar o cinema argentino, decidimos fazer um filme independente em formato episódico, no qual cada realizador produzisse, escrevesse e dirigisse sua própria história.

 

Pensei no Luca Castello, que estava produzindo e desenvolvendo El Rey de los Condenados (o último episódio do filme), e propus que ele se juntasse a mim e ao Nicanor neste projeto. Luca aceitou.

 

Uma vez dado esse passo, sentamos para pensar na linha narrativa da história: quais seriam seus eixos temáticos, seus personagens e como conseguir um filme episódico que tivesse uma unidade temática. Decidimos pelo apocalipse zumbi como tema principal e por uma estética possível dentro do baixo orçamento que tínhamos. Contamos com uma equipe e um elenco maravilhosos, que já conhecíamos de outras produções.

 

E como surgiu a ideia para o seu segmento do longa, o divertido, e o meu favorito, Ratas"?

 

Obrigado, e fico feliz que você tenha gostado. Ratas surge de uma experiência pessoal: um roedor às quatro da manhã na minha casa nos acordando. Podemos dizer que os personagens têm muito da minha família, mas, claro, também muita ficção distorcendo a situação. Ninguém se transformou em zumbi na minha casa… Bom, sim, com os celulares — mas isso já é um vício mundial.

 

Quando definimos como objetivo trabalhar a temática do apocalipse, imaginei como combinar a situação real da ratazana com essa família disfuncional fictícia e com o contexto de uma ameaça prestes a explodir, da qual todos eles são alheios.

 

Eu queria que os personagens fossem divertidos, bem “porteños”, mostrar o cotidiano, a rotina, o disfuncional — e como aquela madrugada, que parecia só mais uma, acaba sendo a última de suas vidas.

 

Lembro-me de termos conversado sobre o filme ter sido produzido com poucos recursos financeiros, e muitos esforços por parte de vocês, produtores e diretores, e da equipe como um todo. E mesmo assim, é inegavelmente um filme muito bem-produzido e visualmente inspirado, especialmente na maneira como vocês detalham a violência, o capricho da maquiagem, vocês contornaram muito bem essa limitação orçamentária. Assim, quais os maiores desafios que vocês enfrentaram ao longo da produção de Retratos do Apocalipse? E os maiores desafios que você enfrentou nas filmagens e produção do seu segmento?

 

Realmente foi uma filmagem na qual desfrutamos muito. Como nós mesmos produzimos e escrevemos o filme, fomos muito conscientes, como criadores, dos recursos que tínhamos. Ter consciência do que você possui ajuda muito a escrever histórias possíveis. Sonhar, sim — mas com cautela e com limites. Pensar em locações nossas, elenco e equipe de técnicos amigos, efeitos possíveis com o orçamento disponível.

 

Acredito que nossa experiência em longas-metragens nos faz ser realistas e compreender não só questões econômicas, mas também técnicas: como resolver cenas que podem ser complexas, ou mesmo ter plena consciência de como investir o tempo durante as filmagens. Fomos cuidadosos, cautelosos, imagino que criativos, e, claro, soubemos nos associar a amigos e colegas que enxergam o cinema de maneira semelhante. Por isso o projeto foi tão divertido e próspero. Sabíamos onde queríamos chegar, e também sabendo como, o desafio foi cumprido.

 

O meu segmento seria filmado na minha casa como locação principal, mas como a organização familiar era complicada, decidi aceitar o convite de um amigo (obrigado, Daniel Zalenco), que nos ofereceu sua casa incondicionalmente. Uma vez com a locação definida, pude pensar com clareza na decupagem, em como deveríamos ambientar o espaço para dar clima e personalidade aos personagens. O desafio sempre são os efeitos — que estejam à altura — e, claro, ter ensaios suficientes para que os personagens realmente estejam vivos.

 

De alguma maneira ou em algum nível, o retrato desse apocalipse zumbi na Argentina em que passa o longa reflete, na sua visão, alguma faceta do país nos dias de hoje, em termos políticos e/ou sociais?

 

Acredito que o filme é uma bandeira sobre o que está nos acontecendo. O apocalipse somos nós mesmos, os seres humanos. Nenhuma espécie é tão destrutiva quanto a nossa, nem tão irracional. Somos capazes de nos destruir através das armas e votando governos de ultradireita, repetindo a mesma história horrível outra e outra vez.

 

EN ESPAÑOL


En conversación con Fabián Forte, el cineasta reflexiona sobre el cine de terror, las antologías, su segmento Ratas —parte del largometraje episódico Retratos del Apocalipsis— y el actual momento de dificultades que atraviesa el cine argentino.


ree

El interesantísimo largometraje argentino Retratos del Apocalipsis representa la visión creativa y la ambición artística de tres diretores – Fabián Forte, Nicanor Loreti y Luca Castello – en una antología de zombis realizada con un presupuesto bajísimo y mucha creatividad. El resultado son cuatro cortometrajes que transcurren en distintos momentos de una Argentina tomada por un virus mortal, mostrando diferentes facetas de un mismo evento devastador para el país, y que ha sido exhibido en varios festivales desde finales del año pasado.

Así, durante la cobertura del IX Morce-GO Vermelho, en el cual la película integró la selección competitiva de largometrajes, conversé con uno de los directores, Fabián Forte, sobre la producción de la obra: su concepción, el formato de antología, el contato con los otros realizadores, su propio corto y el delicado momento que atraviesa el cine argentino.

 

Entonces, vamos a la entrevista —y vale avisar: ¡HAY SPOILERS DE LA PELÍCULA!

 

HENRIQUE: ¿Cómo surgió la idea de hacer una antología de historias de terror junto a Nicanor Loreti y Luca Castello? En ese sentido, ¿qué parte del proyecto fue pensada en conjunto y qué parte le tocó desarrollar individualmente a cada uno de ustedes?

 

FABIÁN: La idea surge ante la difícil situación cinematográfica actual en nuestro país. Frente al hecho de que este gobierno atacó al cine nacional y paralizó la industria desfinanciando al INCAA y su responsabilidad de fomentar el cine argentino, decidimos hacer una película independiente y episódica, en la que cada realizador produjera, escribiera y dirigiera su propia historia.

 

Se me ocurrió pensar en Luca Castello, que estaba produciendo y desarrollando El Rey de los Condenados (el último episodio de la película), y le propuse que se sumara a Nicanor y a mí en este proyecto. Luca aceptó.

 

Una vez dado ese paso, nos sentamos a pensar en la línea narrativa de la historia: cuáles serían sus ejes temáticos, sus personajes y cómo lograr una película episódica que tuviera una unidad temática. Decidimos que el apocalipsis zombi sería el tema principal, y también definimos una estética posible acorde al bajo presupuesto con el que contábamos.

 

Tuvimos la suerte de contar con un equipo y un elenco maravillosos, a quienes ya conocíamos de otras producciones.

 

¿Y cómo nació la idea para tu segmento del largometraje, el divertido —y mi favorito— “Ratas”?

 

Gracias, y me alegra que te haya gustado. Ratas surge de una experiencia personal: un roedor a las cuatro de la mañana en mi casa, despertándonos. Podríamos decir que los personajes tienen mucho de mi familia, pero, desde ya, también mucha ficción que distorsiona la situación. Nadie se transformó en zombi en mi casa… Bueno, sí, con los celulares; pero eso ya es un vicio mundial.

 

Al proponernos trabajar la temática del apocalipsis, imaginé cómo combinar la situación real de la rata con esta familia disfuncional de ficción y con el contexto de una amenaza a punto de estallar, de la que todos son ajenos.

 

Quería que los personajes fueran divertidos, muy porteños, mostrar lo cotidiano, la rutina, lo disfuncional, y cómo esa madrugada, que parecía una más, termina siendo la última de sus vidas.

 

Recuerdo que conversamos, durante el festival, sobre que la película fue producida con pocos recursos financieros y con mucho esfuerzo de parte de ustedes, productores, directores y del equipo en general. Aun así, es innegablemente una película muy bien producida y visualmente inspirada, especialmente en la manera en que trabajan la violencia y el esmero del maquillaje; lograron sortear muy bien esa limitación presupuestaria. En ese sentido, ¿cuáles fueron los mayores desafíos que enfrentaron a lo largo de la producción de Retratos del Apocalipsis? ¿Y cuáles fueron los mayores desafíos que vos enfrentaste durante el rodaje y la producción de tu segmento?

 

Realmente fue un rodaje que disfrutamos mucho. Al producirla y escribirla nosotros mismos, fuimos muy conscientes, como creadores, de los recursos con los que contábamos. Ser consciente de lo que tenés ayuda mucho a escribir historias posibles. Soñar, sí, pero con cautela y con límites: pensar en nuestras propias locaciones, en un elenco y técnicos amigos, en efectos posibles con el presupuesto que teníamos.

 

Creo que nuestra experiencia en largometrajes nos hace ser realistas y comprender no solo cuestiones económicas, sino también técnicas: cómo resolver algunas escenas que pueden ser complejas, o incluso tener muy claro cómo invertir el tiempo en el rodaje. Fuimos prolijos, cautos, imagino que creativos, y, desde ya, supimos asociarnos con amigos y colegas que ven el cine de manera similar. Por eso el proyecto fue tan divertido y tan próspero. Sabíamos adónde queríamos ir, cómo, y el desafío fue logrado.

 

Mi segmento iba a filmarse en mi casa como locación principal, pero como la organización familiar era compleja, decidimos aceptar la invitación de un amigo (gracias, Daniel Zalenco) que nos ofreció su casa incondicionalmente. Una vez con la locación definida, pude trabajar con claridad la puesta de cámara y cómo debíamos ambientarla para darle el clima y la personalidad de los personajes. El desafío siempre son los efectos —que estén a la altura— y, por supuesto, tener los ensayos suficientes para lograr que los personajes estén vivos.

 

¿De alguna manera, o en algún nivel, el retrato de este apocalipsis zombi en la Argentina donde transcurre el largometraje refleja, en tu visión, alguna faceta del país hoy en día, ya sea en términos políticos y/o sociales?

 

Creo que la película es una bandera acerca de lo que nos sucede. El apocalipsis somos nosotros mismos, los seres humanos. Ninguna especie es tan destructiva como la nuestra, ni tan irracional. Somos capaces de destruirnos a través de las armas y votando gobiernos de ultraderecha, repitiendo la misma historia horrible una y otra vez.

Comentários


© 2024 por Henrique Debski/Cineolhar - Criado com Wix.com

bottom of page