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13ª MOSTRA TIRADENTES SP | COMPILADO – “Cartografia das Ondas”, “A Vida Secreta dos Meus Três Homens” e “As Muitas Mortes de Antônio Parreiras”

  • Foto do escritor: Henrique Debski
    Henrique Debski
  • 28 de mar.
  • 3 min de leitura

Nesta publicação, o objetivo é trazer críticas em formato reduzido sobre esses três longas que assisti durante minha cobertura da 13ª Mostra Tiradentes | SP!


Imagem do filme A Vida Secreta de Meus Três Homens.


Cartografia das Ondas (Idem, 2025)

Direção: Heloisa Machado

Origem: Brasil

Avaliação: 2.5/5

Mostra Aurora

 

Cartografia das Ondas apresenta uma ideia interessante de misturar documentário com ficção, a partir de duas narrativas distintas que experimentam com a metalinguagem, para falar sobre o processo criativo na escrita de um roteiro.

 

A intenção, visivelmente, é a de que ambas as histórias sirvam de alavanca uma para outra, sobretudo quando dependentes, quando derivam de um mesmo fio que as amarra uma na outra. Entretanto, ao invés de se ajudarem mutuamente a avançar, ambas estagnam juntas, em um mar de ondas redundantes que não sabe como sair ou para onde ir, criando um impasse, longo e incapaz de solucionar.

 

Existe uma paixão pelo cinema, sobretudo de gênero, quando envolve fantasia através do folclore brasileiro, que é impossível de não notar no texto de Heloisa Machado e Gledson Mercês, que, corajosos, se colocam em frente à câmera para enfrentar os desafios de seus personagens, que, com os mesmos nomes, os representam em tela para nós, o público. Mas a direção de Heloisa, que busca por um bom apelo visual para o que é contado, fica à deriva de algo que, apesar dos 80 minutos, alonga-se, e durante metade desse tempo, já não parece funcionar, mesmo que tente ser ousado. É como se o filme caísse na própria armadilha, na dúvida em que estão os personagens, e apesar de tentar, não conseguisse encontrar uma solução. No fim das contas, acaba sendo decepcionante não chegar a lugar algum.



A Vida Secreta de Meus Três Homens (Idem, 2025)

Direção: Letícia Simões

Origem: Brasil

Avaliação: 1.5/5

Mostra Olhos Livres

 

A Vida Secreta de Meus Três Homens é uma história sobre fantasmas. Pessoas que já estiveram neste plano do mundo, e que escondiam por trás de si segredos sobre quem de fato foram e fizeram quando em vida. O ponto comum entre eles é a relação que mantem, direta, e por vezes indireta, com a diretora Letícia Simões – o avô, o pai e o padrinho.

 

Mas apesar do potencial dessa história para ser contado, as escolhas formais da direção de Simões acabam por diminuir seu impacto narrativo ao preferir fantasiar encontros e conversas a partir da reencarnação dessas pessoas na forma de atores, em diálogos fictícios com uma personagem que representa a diretora.

 

Essa preferência pela experimentação, apesar de interessante e conferir individualidade ao projeto, diminui e até esvazia as histórias que podem ser contadas, muito por vezes não parecer que existe um aspecto pessoal envolvido, o qual é tantas vezes sugerido, mas uma fantasia até um tanto mórbida por criar conversas e situações que nunca aconteceram. E assim, é como se fosse estabelecida uma barreira sobre o que é ou não é verdade, tirando justamente o peso de fatos e das histórias em prol de uma ficção até desinteressante, justamente quando seus melhores momentos se dão na postura mais documental e quando se há intenção de vasculhar o passado.



As Muitas Mortes de Antônio Parreiras (Idem, 2025)

Direção: Lucas Parente

Origem: Brasil

Avaliação: 3/5

Mostra Olhos Livres

 

Enquanto soterrados por inúmeras cinebiografias genéricas e vazias, é um alívio se deparar com projetos que buscam outras formas de enxergar seus biografados. É o que faz Lucas Parente em As Muitas Mortes de Antônio Parreiras, enquanto busca explorar facetas do pintor carioca Antônio Parreiras a partir de seu próprio trabalho, em uma análise de suas obsessões artísticas e objetos de estudo, na tentativa de procurar compreendê-lo de alguma forma.

 

O resultado, experimental, desemboca no intercalar dos olhares sobre passado-presente-futuro sobre o olhar – ou qual poderia sê-lo – do próprio Antônio Parreiras. E assim, não se busca mostrar o que o pintor fez ou deixou de fazer, mas filosoficamente uma imagem de quem foi através de suas telas. No fim, torna-se uma experiência, acima de tudo, sensorial, de construção, desconstrução e reconstrução da imagem de Antônio Parreiras.



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