15º FESTIVAL CINEFANTASY | Mar.IA, de Nicanor Loreti e Gabriel Grieco (Idem, 2023)
- Henrique Debski

- 16 de dez. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de nov.
No slasher argentino Mar.IA, os cineastas Nicanor Loreti e Gabriel Grieco explorar os nobres (e desvirtuados) fins da inteligência artificial.

Com o evoluir da inteligência artificial no mundo de hoje, agora profundamente incorporada em nosso cotidiano, é impossível não pensar em cenários alternativos em que suas funções são desvirtuadas e utilizadas para outros fins.
Nesse contexto, o slasher argentino “Maria” junta-se aos norte-americanos “Christmas, Bloody Christmas” e “Meg3n” ao explorar a inteligência artificial como antagonista de personagens humanos com bonecos assassinos e uma insaciável sede de sangue.
A dupla de diretores Gabriel Grieco e Nicanor Loreti declara, desde os primeiros minutos, sua paixão pelo estilo hi-tech do cinema de ficção científica dos anos 80, e apesar de situarem sua narrativa no presente, toda a construção atmosférica nos remete ao futurismo oitentista, em sua fotografia que privilegia o rosa neon vibrante.
Não apenas se restringindo a atmosfera, é interessante o como a dupla articula a ficção científica como forma de debater, a partir do terror, os perigos do uso da inteligência artificial no presente e no futuro, através da figura que nomeia o longa, “Maria”.
Na forma como concebida, a obra evidentemente reconhece os fins nobres pelos quais Maria é utilizada, mas logo aponta as falhas estruturais de seu plano, e as deturpações em suas atividades. É assim que o slasher ganha suas vítimas reais e prevalecem nesse campo, quando a antagonista mira em duas pessoas incorretamente.
Antes disso, as demais mortes foram estrategicamente calculadas para atingir os objetivos de “Maria”, como arma de combate, sedimentando a ideia à base de muito sarcasmo e criatividade na atração de suas vítimas, e mais ainda na maneira como as abate de maneiras brutais e igualmente cômicas pelo absurdo, cuja direção de arte capricha na alta dose de violência gráfica.
Após o encerramento, o epílogo, na versão assistida mais longo do que o necessário, nos fornece um bom complemento ao universo de “Maria”, com bons momentos em animação e CGI, e abre possibilidades para sua expansão. E mesmo podendo continuar, acredito que a obra de Grieco e Loreti já é suficiente seu alerta para o futuro. O que vier (e se vier), será a mais.
Avaliação: 3.5/5





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