top of page

16º CINEFANTASY | COMPILADO: LONGAS – “Ninguém Vai Ouvir Você Gritar”, “Heresia” e “Que Você Viva”

  • Foto do escritor: Henrique Debski
    Henrique Debski
  • 26 de set.
  • 3 min de leitura

Nesta publicação, o objetivo é trazer algumas críticas em formato reduzido sobre os longas internacionais que assisti durante minha cobertura do 16º Festival Cineftasy!


Imagem de "Heresia", dirigido por Didier Konings.
Imagem de "Heresia", dirigido por Didier Konings.

 

Ninguém Vai Ouvir Você Gritar (Nadie Va a Escuchar Tu Grito, 2025)

Direção: Mariano Cattaneo

Origem: Argentina

Avaliação: 1.5/5

 

Até certo ponto, creio que Mariano Cattaneo tinha uma ideia para Ninguém Vai Ouvir Você Gritar, enquanto um slasher que, buscando elementos de Pânico e dos giallos italianos, busca por uma proposta de anti-clímax, na maneira como brinca com suas reviravoltas e pela surpresa do espectador através de pistas falsas e caminhos inesperados.

 

O problema é que, apesar da direção ter alguma ideia do que fazer com a câmera, e de como construir mortes visualmente interessantes, o roteiro demasiadamente amador, por outro lado, não tem ideia do que fazer com o próprio assassino, ou com sua protagonista, e pior ainda, carece de uma lógica interna para todos os seus acontecimentos.

 

Não existe uma explicação à inexistência de trabalho policial, ao fato de todos agirem como suspeitos a todo momento, ou para tudo o que acontece especificamente no entorno da protagonista, ao ponto da montagem precisar atirar flashbacks em nossa cara como se fossemos incapazes de nos lembrarmos de algo que acontecera há meros cinco minutos dentro do filme.

 

Parece obra de um cineasta preguiçoso, ou sem criatividade o suficiente para amarrar um desfecho, simplesmente atirando ideias aleatórias do meio para o fim, e covardemente prometendo resolver tudo numa futura sequência. É um grande desperdício de referências, ideias, mortes visualmente elaboradas e de um elenco imerso num projeto que não oferece quaisquer recompensas de verdade, senão um slasher genérico e pouco criativo, que usa do anti-clímax como muleta para justificar as próprias incapacidades de fazer algo diferente do óbvio.


ree

Heresia (Witte Wieven, 2025)

Direção: Didier Konings

Origem: Bélgica

Avaliação: 4/5

 

É muito interessante que a ideia de heresia a qual o título do longa se refere nada mais é do que uma construção puramente humana, e não divina, como se diz ser, que funciona basicamente como meio de controle das sociedades. Pois é precisamente o que busca demonstrar o cineasta holandês Didier Konings, a partir de um filme curto e objetivo - apenas sessenta minutos - que explora os constantes ciclos de violência, descrédito e submissão que mulheres recebiam em tempos antigos nas aldeias no interior da Europa, agressões essas sempre ancoradas no discurso cristão do "gênero inferior" e no puro preconceito de forma a realçar a supremacia masculina.

 

O que se propõe é um troco à altura, simbólico e visceral, na forma do horror folclórico atmosférico e denso pela violência - uma produção modesta, mas muito caprichada, provando ser possível fazer muito ainda que com poucos recursos. O verdadeiro monstro é uma construção simbólica e social, e a heresia nada mais é do que uma forma de controle inventada para colocar a todos ajoelhados diante da Igreja, e que até hoje deixa marcas em nossa sociedade, se adaptando através dos tempos.


ree

Que Você Viva (Må Du Leva, 2025)

Direção: Malin Dahl

Origem: Suécia

Avaliação: 4/5

 

O olhar da diretora Malin Dahl para Que Você Viva se afasta da obviedade de um terror de sustos, mas constrói, a partir da imagem, uma atmosfera densa de solidão, que aos poucos se revela montar, na verdade, apenas uma dura consequência de um luto que nunca vai embora.

 

A construção dessa mundo se faz puramente através do olhar da câmera para a realidade que filma, sob uma fotografia quase incolor, e o acompanhar de uma cidade que enfrenta uma grave crise de saúde populacional. Na medida em que avança, todo e qualquer pré-conceito que formamos em relação ao protagonista se desconstrói quando conhecemos as razões para seus sentimentos, e atitudes que toma, transformando o elemento macabro do horror em uma forma de compaixão que transcende as barreiras da narrativa.

 

Esse aspecto melancólico e dramático, somado ao cotidiano ao qual investe a narrativa, para criar um senso de imersão ao espectador, torna Que Você Viva um longa trágico, no melhor dos sentidos, em uma metáfora que revela um cenário mais comum do que se pode imaginar.


ree

Comentários


© 2024 por Henrique Debski/Cineolhar - Criado com Wix.com

bottom of page