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30º É TUDO VERDADE | Meus Fantasmas Armênios, de Tamara Stepanyan (Mes Fantômes Arméniens, 2025)

  • Foto do escritor: Henrique Debski
    Henrique Debski
  • 9 de abr.
  • 3 min de leitura

Tamara Stepanyan faz de Meus Fantasmas Armênios um atributo ao pai, sua maior inspiração, em meio a um proibitivo histórico do cinema armênio.


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Em geral, creio não há como conhecer melhor da cultura de um país senão com alguém que nele nasceu e cresceu. Em matéria de cinema, Tamara Stepanyan parece ser a pessoa mais apropriada para falar sobre seu país natal, a Armênia, enquanto praticamente toda sua família, pais e avós, de alguma forma se relacionaram à importância e desenvolvimento do cinema armênio, nos anos de União Soviética, da censura de Stalin, até a conquista de independência, em 1991.

 

Meus Fantasmas Armênios, então, busca por um resgate histórico ao cinema da Armênia, perpassando em meio aos momentos políticos e sociais do país, ao seu uso como propaganda pelo regime soviético, algumas figuras notáveis, entre atores e diretores, e finalmente a conquista, cada vez maior, de liberdade criativa com o enfraquecimento do regime vigente e passos cada vez mais próximos da independência. Toda essa longa introdução se dá para posteriormente culminar nos laços familiares da cineasta, que transforma o documentário, pouco a pouco, em uma homenagem ao pai e à família.

 

No entanto, até chegar nessa homenagem, seu ponto alto, apesar de vasto o repertório de Stepanyan acerca do cinema armênio, existe uma dificuldade muito grande por parte da cineasta em explorá-lo de maneira sistemática, de forma a englobar um espectador que, como eu, não conhece do tema com profundidade, senão breves informações acerca do histórico do país. Sua abordagem torna-se proibitiva enquanto fala como se todos já conhecem boa parte das figuras e filmes mencionados, saltando de um tema para outro sem necessariamente propor uma conclusão, senão reunir uma quantidade de informações soltas entre uma coisa e outra. Aparenta esse ter sido um problema surgido durante o processo de montagem do documentário, que desorganizada nas informações que deseja trabalhar, acaba por enfraquecer uma parte importante da narrativa construída ao não saber como trabalhar com a quantidade de informações reunidas e à sua disposição, tornando-se confuso.

 

Por outro lado, quando trata de sua família, é notável um sentimento muito genuíno da diretora de amor e saudades, em especial de tributo ao pai, o ator Vigen Stepanyan, falecido em 2021. É a partir dele, e das figuras de seus avós, que Tamara encontra justificativa em suas escolhas de seguir pelos caminhos do cinema, e também em suas decisões formais e temáticas como cineasta. Essa homenagem se dá com uma colagem de passagens do pai, e suas com ele, assim como de toda uma vida familiar, pessoal e profissional, em meio ao contexto do próprio cinema armênio, no qual ambos sempre estiveram imersos.

 

E assim, enquanto um filme pessoal, Meus Fantasmas Armênios encanta pela ternura com a qual Tamara Stepanyan agradece e demonstra saudades do pai, Vigen, e na maneira como atribui à família suas paixões e escolhas profissionais para com o cinema. Mas a montagem, enquanto perpassa pela história do cinema armênio, torna-se cansativa por ser proibitiva demais, e não conseguir sistematizar todas as suas informações e colagens de momentos cinematográficos, ainda que com apenas 75 minutos de duração.

 

Avaliação: 3/5

 

Meus Fantasmas Armênios (Mes Fantômes Arméniens, 2025)

Direção: Tamara Stepanyan

Roteiro: Tamara Stepanyan e Jean-Christophe Ferrari

Gênero: Documentário

Origem: França, Armênia, Catar

Duração: 75 minutos (1h15)

30º É Tudo Verdade

 

Sinopse: A cineasta Tamara Stepanyan embarca em uma jornada evocativa pelo mundo esquecido do cinema armênio. Iniciado por um diálogo com seu pai, o renomado ator Vigen Stepanyan, o documentário traz à vida uma história muitas vezes esquecida. Com base em uma tapeçaria de imagens de arquivo e suas próprias memórias, ela explora temas universais de identidade, amor, luta e expressão artística. (Fonte: É Tudo Verdade - Adaptado)

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