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CRÍTICA | Rua do Medo: Rainha do Baile, de Matt Palmer (Fear Street: Prom Queen, 2025)

  • Foto do escritor: Henrique Debski
    Henrique Debski
  • há 7 horas
  • 3 min de leitura

Rainha do Baile desperdiça todo o potencial de estar no universo Rua do Medo para apostar em um slasher genérico que apenas copia, sem novidades, o que já deu certo – e foi esquecido – nos anos oitenta.



A aquisição da trilogia Rua do Medo pela Netflix durante a pandemia, convertendo seu plano de lançamento dos cinemas para o streaming, se revelou um grande negócio para a plataforma, quando sua estratégia de inserir um filme por semana garantiu não apenas o prolongamento da divulgação das obras, como também a formação de fãs e conspiradores na internet, buscando antecipar os próximos passos a serem tomados pela narrativa.

 

Ainda que não fossem filmes geniais e longe de reinventar a roda, tinham o mérito de estabelecer uma mitologia interessante pautada no histórico de rivalidade das cidades vizinhas Sunnyvale e Shadyside, em uma tragédia que, para muito além de seus personagens, era oriunda de séculos anteriores e gerações de eventos traumáticos em cadeia, que aparentemente isolados, mantinham estreita relação com lendas urbanas, em um mistério articulado com criatividade ao longo dos três filmes.

 

Tamanho foi o sucesso da trilogia que a própria Netflix, então, adquiriu os direitos para produzir mais adaptações da obra de R. L. Stine, com Rua do Medo: Rainha do Baile sendo a primeira dessa suposta nova leva.

 

Porém, enquanto as obras anteriores tinham substância para ir além de meras referências ao cinema slasher dos anos aos quais referenciava, e com alguma originalidade na subversão das expectativas com surpresas vigorosas, Rainha do Baile mal funciona como uma nota de rodapé ao universo de Rua do Medo.

 

Ainda que possa ter alguma base na vastidão da obra de Stine, pouco se aproveita do fato dessa história estar inserida no mesmo universo da maldição de Sarah Fier, ou do fato de Shady Side ser, em teoria, uma cidade amaldiçoada. Rebaixada de personagem à mero pano de fundo, a narrativa deposita todo o seu interesse em um microcosmo escolar bem mais genérico e sem originalidade do que qualquer das ideias dos longas anteriores, sempre parte de algo maior.

 

Mesmo que haja um mistério interessante no entorno das origens familiares da personagem protagonista, dos eventos da noite do baile de seus pais, e das acusações e fofocas de sua mãe ser uma assassina, a “maldição” do sobrenome Granger é algo sequer aproveitado por um roteiro que não sabe articular esse lado do mistério, ou ao menos conecta-lo aos eventos da presente noite de formatura e da presença de um assassino mascarado – em um design curioso, por sinal, no colorido dos anos 80 -, que age de maneira aparentemente aleatória na escolha de suas vítimas.

 

Esse lado do assassino na noite de formatura, onde o filme deposita mais tempo e vigor, ainda que divertido pelas mortes violentas e a eficiência da direção de Matt Palmer nas sequências de perseguição e no próprio baile, funciona na base de um slasher genérico dos anos 1980, como uma mera repetição de tantos outros, que, ao seu tempo, talvez ainda pudessem dizer serem novidade, mas que acabaram esquecidos no teste do tempo. Aos poucos, tudo se torna uma verdadeira caça às referências, de Carrie, a Estranha até Prom Night (a maior delas, quando diante de um roteiro praticamente idêntico), mas sem aquele ar de “coisa nova”.

 

Quando então chega ao final, é de se perceber que Rainha do Baile, para além de uma reciclagem dos slashers oitentistas com um discurso inconveniente de “homenagem” e “referência”, inclui em seu título “Rua do Medo apenas como forma de chamar mais atenção, enquanto não busca conexões ou sequer referências para o universo, utilizando-se de elementos, como a cidade, somente para não se descaracterizar por completo. No mais, ao invés de aproveitar suas ideias genéricas e procurar por uma forma de subverte-las, como já muito se tem feito ultimamente, o filme se contenta em sucumbir à obviedade e até às próprias críticas, abordando a superficialidade das relações naquele ambiente escolar a partir de personagens igualmente superficiais, da protagonista à antagonista, do assassino às suas motivações, sem nem mesmo saber se deseja ou não ser levado a sério.

 

Avaliação: 2/5

 

Rua do Medo: Rainha do Baile (Fear Street: Prom Queen, 2025)

Direção: Matt Palmer

Roteiro:

Gênero: Terror, Thriller

Origem: EUA

Duração: 91 minutos (1h31)

Disponível: Netflix

 

Sinopse: Na amaldiçoada cidade de Shadyside, Ohio, o baile de formatura está chegando, e garotas estão correndo pela coroa de rainha, até que começam a desaparecer misteriosamente. (Fonte: IMDB - Adaptado)

 
 
 

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