top of page

XXI FANTASPOA | Vampiros Zumbis... do Espaço, de Michael Stasko (Vampire Zombies... From Space, 2025)

  • Foto do escritor: Henrique Debski
    Henrique Debski
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Em meio a inúmeras referências e homenagens, Vampiros Zumbis... do Espaço ainda encontra lugar para trabalhar o negacionismo com criatividade. 



Uma experiência como Vampiros Zumbis... do Espaço em uma sala de cinema em pleno 2025 é como uma viagem ao passado, um passeio pela história do cinema clássico de terror norte-americano, mas sob as lentes do tempo presente.

 

O ambicioso projeto, financiado através de uma campanha via Kickstarter, arrecadou com louvor cerca de vinte mil dólares canadenses (algo em torno de quinze mil dólares americanos, na cotação atual), e em sua homenagem estética ao cinema de horror B dos anos 1950/1960, assumiu também para si o desafio de executar o projeto com um baixíssimo orçamento, digno dos filmes da época que homenageia.

 

No entanto, sua referência, apesar de abraçar majoritariamente o estilo de Ed Wood na composição da imagem, sobretudo com Plano 9 do Espaço Sideral (1959), em sua escolha pela fotografia preto e branco e estética puramente artificial, seja da ambientação geral ou mesmo das criaturas, a direção de Michael Stasko também encontra espaço, e sobretudo oportunidade, para brincar também com a pegada trash do cinema B dos anos 1970, a partir da violência gráfica exagerada – cuja equipe de arte e maquiagem demonstraram muito afinco na qualidade.

 

O roteiro, assinado por Jakob Skrzypa, Alex Forman e Michael Stasko vai ainda além na busca por suas referências, quando, para além da estética, tematicamente ainda atrai para o longa outros consagrados personagens do cinema de terror do século XX, como o Drácula (cuja composição de Craig Gloster funciona como um mistura de Bela Lugosi com Christopher Lee, no qual o personagem ainda se encontra atrelado a uma dinâmica meio Dr. Evil e seu filho Scott, como em Austin Powers e o Homem do Membro de Ouro), os zumbis ao estilo de George Romero, e uma forma de fazer humor que evoca diretamente as comédias monstruosas de Mel Brooks, de O Jovem Frankenstein à sua versão de Drácula interpretada por Leslie Nielsen.

 

Mas para muito além de uma meras reproduções de referências em forma de paródias respeitosas, sobretudo apaixonadas e até mesmo saudosistas a um cinema arriscado e transgressor para os padrões de sua época, nos moldes de um projeto igualmente com baixo orçamento, e no caso do presente, puxando também por inúmeras participações especiais de pessoas homenageadas, que fizeram parte dessa época (como Lloyd Kaufman), Vampiros Zumbis... do Espaço mostra-se muito preocupado em também assumir uma identidade própria, que o individualize de todos estes e o torna, também, uma produção com valores próprios.

 

Enquanto a cidade de Marlowe (outra referência ao universo cinematográfico norte-americano do século XX) encontra-se cada vez mais próxima de ser atacada por extraterrestres, e tornar-se palco do início de uma grande invasão mundial, a lá H. G. Wells, o cenário local é tomado pelo negacionismo por parte das autoridades públicas, mais preocupadas com a manutenção do poder e a dinâmica de eleições do que fato com a segurança do povo, ainda que diante de claros sinais do que está acontecendo – tal como aconteceu com a pandemia, em diversos países ao redor do mundo.

 

Com uma câmera que transita entre o espaço sideral, composto de maquetes retro futuristas detalhadas, e o planeta Terra a partir de transições criativas, acompanhadas de uma trilha instrumental cômica, há toda uma preocupação em estabelecer os poderes dos antagonistas, e buscar por seus pontos fracos, entre a simbologia das cruzes que afastam vampiros e toda uma reviravolta em relação à descoberta do que, realmente, pode afetar (e derrotar) as criaturas.

 

Assim, conhecendo das próprias referências, e abraçando-as com um amor aos primórdios do cinema de terror, o filme de Michael Stasko não tem medo de soar ridículo – pelo contrário, abraça como poucos as imperfeições de seu baixo orçamento em um projeto apaixonado que evoca, com olhares contemporâneos, toda uma mistura de estéticas, entre os anos 60 e 70 do terror, com humor e ótimas surpresas.

 

Avaliação: 4.5/5

 

Vampiros Zumbis... do Espaço! (Vampire Zombies... From Space, 2025)

Direção: Michael Stasko

Roteiro: Jakob Skrzypa, Alex Forman e Michael Stasko

Gênero: Terror, Comédia

Origem: EUA

Duração: 98 minutos (1h38)

XXI Fantaspoa (Mostra Low Budget, Great Films)

 

Sinopse: Das profundezas do espaço, Drácula elabora seu plano mais maligno: transformar os moradores de uma pequena cidade americana em seu exército pessoal de zumbis vampiros! Um grupo improvável, formado por um detetive rabugento, um policial novato cético, um malandro tabagista e uma jovem determinada, se une para salvar o mundo de... (veja o título). (Fonte: Fantaspoa)

Comments


© 2024 por Henrique Debski/Cineolhar - Criado com Wix.com

bottom of page