top of page
Buscar


49ª MOSTRA DE SP | Atropia, de Hailey Gates (Idem, 2025)
Em ritmo de desconstrução, Atropia satiriza a cultura militarista norte-americana, e se aproveita da metalinguagem para rejeitar convenções hollywoodianas. " A guerra é uma forma de Deus ensinar geografia aos americanos " (atribuída à Mark Twain). A citação inicial de Atropia , apresentada em tela antes do longa começar, é excelente em definir, desde cedo, o rumo de sua crítica à sociedade norte-americana, bem como ao seu aspecto de contracultura, em uma proposta bem-suced

Henrique Debski
11 de nov.4 min de leitura


IX MORCEGO VERMELHO | El Escuerzo, de Augusto Sinay (Idem, 2025)
El Escuerzo começa bem em sua abordagem histórica da Guerra do Paraguai, mas logo perde o brilho ao abraçar a fórmula do horror de maldição sem uma metáfora clara por detrás das ideias. O terror como forma de realizar abordagens históricas e críticas a fatos e momentos do passado é sempre uma possibilidade no mínimo fascinante que o gênero oferece, especialmente a fim de se esquivar das abordagens dramáticas tradicionais, que não necessariamente são ruins, mas podem apenas

Henrique Debski
10 de nov.3 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | No Other Choice, de Park Chan-wook (Idem, 2025)
Alinhado a um cinema anticapitalista sul-coreano, Park Chan-Wook faz de No Other Choice uma mórbida e intensa comédia sobre o desemprego, e os sacrifícios para o reingresso no mercado de trabalho. Com uma estreia badalada na competitiva do Festival de Veneza deste ano, muito se esperava por certo reconhecimento ao novo trabalho de Park Chan-wook dentre as premiações. Entretanto, não foi o que aconteceu, e No Other Choice saiu literalmente com as mãos abanando. A decepção, p

Henrique Debski
9 de nov.5 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Amiga Silenciosa, de Ildikó Enyedi (Stille Freundin, 2025)
Em Amiga Silenciosa , Ildikó Enyedi intercala épocas distintas em um mesmo espaço para explorar as evoluções da sociedade, a partir de drama intimista e poético. Uma universidade em algum lugar da Alemanha torna-se o palco de uma jornada intimista através dos tempos. Passeando por seu campus, no início de 2020, um veterano cientista recém-chegado de Hong Kong conhece o local, andando entre seus jardins, admirando a beleza exuberante de suas altas árvores centenárias, de u

Henrique Debski
8 de nov.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Cyclone, de Flavia Castro (Idem, 2025)
Cyclone inspira-se na vida da dramaturga Maria de Lourdes Castro Pontes, e explora os desafios de uma mulher a frente de seu tempo em uma época em que viviam aprisionadas pela própria sociedade. Nem todos os dramas biográficos precisam necessariamente seguir à risca os fatos da realidade. Desde que bem estruturados, e esclarecendo desde o princípio a abordagem pretendida, de maneira livre em relação à história real, o céu torna-se o limite na condução da narrativa. Não que

Henrique Debski
7 de nov.3 min de leitura


IX MORCE-GO VERMELHO | Retratos do Apocalipse, de Nicanor Loreti, Fabian Forte e Luca Castello (Retratos del Apocalipsis, 2025)
Com orçamento limitado, a antologia argentina Retratos do Apocalipse trabalha zumbis no seio das relações familiares, em quatro segmentos assinados tanto por cineastas veteranos quanto iniciantes em um exercício de horror competente. Os longas-metragem no formato de antologias geralmente costumam seguir por uma “regra geral”, na medida em que, segmentados, apresentam diferentes histórias compiladas por um eixo temático ou fio condutor, tratando-se, na verdade, de uma série

Henrique Debski
6 de nov.5 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Mirrors No. 3, de Christian Patzold (Idem, 2025)
Christian Patzold, em Mirrors No. 3 , explora o luto a partir de reflexos e projeções entre os personagens, numa fábula realista sobre a dor e o seguir adiante. A fila gigante na Cinemateca Brasileira que antecedia a sessão de Mirrors n. 3 foi uma enorme surpresa para quase todas as pessoas com quem conversei. Partindo de um pressuposto, talvez correto, de que Christian Patzold é um diretor um tanto nichado, bastante voltado ao interesse de uma parcela específica da comunid

Henrique Debski
5 de nov.3 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho (Idem, 2025)
O Agente Secreto continua o debate de Retratos Fantasmas sobre memória e registro, em thriller político que faz do anticlímax uma reviravolta imersiva. Ambientado em uma Recife do final dos anos 1970, desde os primeiros instantes de O Agente Secreto já nos é possível notar o estabelecimento de um diálogo profundo de Kleber Mendonça Filho com alguns dos temas que vem permeando seu cinema recente. Seu último longa, o documentário Retratos Fantasmas , discorreu, com e através

Henrique Debski
4 de nov.5 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Nouvelle Vague, de Richard Linklater (Idem, 2025)
Com Nouvelle Vague, Richard Linklater conta sobre a produção de Acossado e do nascimento de Jean-Luc Godard como diretor revolucionário, em drama que não capta o espírito do período que retrata. Em uma época na qual tem sido bastante comuns as “cartas de amor ao cinema” pelas mãos de diversos cineastas, usando da metalinguagem para contar sobre suas inspirações e paixões pela sétima arte através da própria , Richard Linklater explora sua paixão pelo cinema francês em Nouvelle

Henrique Debski
31 de out.3 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | O Filho de Mil Homens, de Daniel Rezende (Idem, 2025)
Superando os desafios da adaptação, Daniel Rezende faz de O Filho de Mil Homens um drama fantástico sensível sobre empatia e a família que escolhemos. Muitos falavam, e ainda falam, sobre a complexidade da literatura de Valter Hugo Mãe, e a dificuldade que seria adaptar uma obra como O Filho de Mil Homens para as telas do cinema. O próprio idealizador do projeto, Daniel Rezende, comentou, antes o início da sessão na première do filme, na Cinemateca Brasileira, durante a 49

Henrique Debski
30 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Nosso Herói, Balthazar, de Oscar Boyson (Our Hero, Balthazar, 2025)
Nosso Herói, Balthazar coloca em xeque o “heroísmo de redes sociais”, em uma sátira da sociedade norte-americana e aos problemas sistêmicos que não desejam solucionar. Desde seus primeiros minutos, Our Hero, Balthazar é plenamente transparente com o espectador no tocante à natureza de seu protagonista, e ao tom satírico que emprega à narrativa. Sob a paisagem do centro de Manhattan, em um apartamento gigante nos últimos andares de um dos prédios mais altos da cidade, o ado

Henrique Debski
29 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Ruas da Glória, de Felipe Sholl (Idem, 2025)
Ruas da Glória propõe um olhar voltado à marginalização de uma comunidade, sem perceber que seu retrato apenas fortalece a posição que busca criticar. Os primeiros minutos de Ruas da Glória realmente pareciam muito promissores. Com a câmera voltada para o lado de fora da janela de um carro, acompanhamos a chegada do protagonista à cidade do Rio de Janeiro. Somos colocados em seu lugar, assistindo à paisagem urbana daquele local único, da nova realidade que passará a viver

Henrique Debski
28 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Kontinental ’25, de Radu Jude (Idem, 2025)
Em uma sociedade conformista, Kontinental ’25 buscar abrir os olhos em relação ao próximo, em uma reflexão sobre a falha capitalista na Romênia do século XXI. Ao entrar para assistir um filme de Radu Jude, a única coisa que não podemos esperar é uma narrativa formalmente quadrada, ou minimamente comum, quando construiu seu nome através de um cinema experimental provocativo, absurdista e, especialmente, anticapitalista, sempre traçando paralelos entre passado e presente para

Henrique Debski
27 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | O Som da Queda, de Mascha Schilinski (In Die Sonne Schauen, 2025)
Com uma atmosfera densa e depressiva, O Som da Queda nos imerge através da dor e explora a violência sofrida por mulheres de diferentes gerações de uma mesma família, em um ciclo interminável que perdura através do tempo. Desde seus primeiros instantes, a atmosfera de Sound of Falling é perturbadora. A partir de um corredor vazio, em uma casa rural, em uma Alemanha perdida em algum momento do século XX, vemos uma garota, aparentemente sem uma perna, andando com o uso de mul

Henrique Debski
25 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | À Paisana, de Carmen Emmi (Plainclothes, 2025)
À Paisana , durante boa parte do tempo, evita estereótipos em uma narrativa sensível de culpa, sobre o descobrimento da própria sexualidade nos difíceis anos 90. Ao longo da projeção, o que mais pensei a respeito de Plainclothes é o como a obra exala, em corpo e alma, um espírito típico do Festival de Sundance, um dos primeiros a acontecer no ano, e dos principais quando o assunto é o cinema independente norte-americano – não só estreou no festival, como também recebeu uma

Henrique Debski
24 de out.3 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Lurker, de Alex Russell (Idem, 2025)
Entre o parasitismo social e a obsessão, Lurker começa muito bem, mas aos poucos passa a se contradizer. A temática das relações e dinâmicas de poder no mundo da arte, onde o dinheiro corre solto e grupos de pessoas se formam no entorno do artista, como interesseiros, já foram objeto de estudo de inúmeros filmes ao longo das décadas – a título de exemplo, a biografia Elvis , de Baz Luhrmann, traz figuras similares no Coronel Parker até outros que apenas circundam o biografa

Henrique Debski
23 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Dracula, de Radu Jude (Idem, 2025)
Radu Jude brinca e experimenta com o Conde Drácula, em uma sátira social que traça um paralelo entre o histórico do personagem e as mudanças da própria Romênia. Ao se deparar com uma versão de Drácula , adaptação da consagradíssima obra de Bram Stocker, assinada por um cineasta como Radu Jude, naturalmente pode-se esperar qualquer coisa, exceto por um longa convencional, como tantos outros, de um dos personagens mais conhecidos da literatura e do cinema. Afinal, não é de ho

Henrique Debski
22 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Frankenstein, de Guillermo Del Toro (Idem, 2025)
O Frankenstein de Guillermo Del Toro questiona a verdadeira natureza da monstruosidade, em uma épica adaptação da obra de Mary Shelley. Adaptado por inúmeras vezes entre curtas, médias e longas-metragem desde os primórdios do cinema (com sua primeira versão datada de 1910, um curta de apenas 16 minutos), e posteriormente popularizado amplamente pela Universal na década de 1930, em seu universo de monstros, Frankenstein , escrito por Mary Shelley, é certamente uma das obras

Henrique Debski
21 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Eddington, de Ari Aster (Idem, 2025)
O faroeste pandêmico de Ari Aster atira para todos os lados, e deixa uma confusão: o que ou quem exatamente Eddington pretende satirizar? Um novo projeto com assinatura de Ari Aster tem sido uma verdadeira incógnita em termos de expectativa, para em relação ao filme como também para com seus resultados de bilheteria. Claramente que ambos os elementos se encontram, de certa maneira, atrelados um ao outro, mas este último se deve, especialmente, à maneira como a obra será ven

Henrique Debski
19 de out.4 min de leitura


49ª MOSTRA DE SP | Sirât, de Oliver Laxe (Idem, 2025)
Em Sirât , Oliver Laxe nos leva uma experiência sensorial e antropológica, rumo a uma desgastante jornada que questiona o valor das escolhas e suas consequências. Desde as primeiras reações sobre Sirât em sua estreia no Festival de Cannes, em maio deste ano, o novo longa de Oliver Laxe já tinha minha completa atenção. Muito cuidadoso em relação à dica de amigos que me recomendaram assistir ao filme com o mínimo de informações possíveis – como sempre costumo fazer, naturalme

Henrique Debski
17 de out.4 min de leitura
bottom of page

